O movimento Land Art - origem, história e expressão



A Land Art, também conhecida como Earth Art ou Earthwork é o tipo de arte em que o terreno natural, em vez de prover o ambiente para uma obra de arte, é ele próprio trabalhado de modo a integrar-se à obra.








A Land Art surgiu em finais da década de 1960, em parte como consequência de uma insatisfação crescente em face da deliberada monotonia cultural pelas formas simples do minimalismo, em parte como expressão de um desencanto relativo à sofisticada tecnologia da cultura industrial, bem como ao aumento do interesse às questões ligadas à ecologia. O conceito estabeleceu-se numa exposição organizada na Dwan Gallery, Nova York, em 1968, e na exposição Earth Art, promovida pela Universidade de Cornell, em 1969.



É um tipo de arte que, por suas características, não é possível expor em museus ou galerias (a não ser por meio de fotografias). Devido às muitas dificuldades de colocar-se em prática os esquemas de land art, suas obras muitas vezes não vão além do estágio de projeto. Assim, a afinidade com a arte conceitual é mais do que apenas aparente.

Dentre as obras de land art que foram efetivamente realizadas, a mais conhecida talvez seja a Plataforma Espiral (Spiral Jetty), de Robert Smithson (1970), construída no Grande Lago Salgado, em Utah, nos Estados Unidos da América





A Land Art foi reconhecida como a mais "suportada" das inspirações artísticas. No final dos anos 60, um numero de artistas iniciou fora das quatro paredes da galeria uma série de criações no deserto e montanhas do Nevada, Utah, Arizona e Novo México. A Land Art deixa os espaços comuns de exposição como a galeria, o atelier e o museu para "investir no planeta". Renova a noção de exposição: uma experiência real e intransponível, representada em vastos espaços, como a montanha, o mar, o deserto e o campo, para uma maior liberdade criativa.


A Land Art foi de igual modo (re)entendida como uma inspiração para os melhores artistas dessa época, o que resultou em algumas das mais surpreendentes e "díficeis-de-ver" obras de arte. Os artistas escolheram entrar eles mesmos na paisagem. Eles não representavam a paisagem, eles fundiam-se com ela; a sua arte não era simplesmente sobre a natureza, mas dentro dela. Não foram os primeiros a interessar-se pela terra, a Arte Povera também utilizou a "terra" nas suas composições, no entanto, os "Land Artists" apresentam-na num estado mais puro e bruto. As denominações Land Art (arte da terra) e Earthworks (trabalhos em / sobre a paisagem) aludem a um certo tipo de obras que têm como suporte a própria natureza, a paisagem exterior.



Os "Land Artists" usavam escavadoras e caterpillers para criar buracos na terra ou para construir largas rampas. O resultado foi uma enorme expansão da arte, na sua paisagem, na qual a formação da terra, o horizonte, o tempo e a erosão transformaram-se em verdadeiros materiais. . Os "Land Artists" aceitam os fenómenos atmosféricos, que enchem os fossos e esbatem os contornos cuidadosamente marcados, como parte integrante da obra. Desejam criar sem fabricar, e simultaneamente alertar para a precariedade de recursos naturais. O interesse destas realizações não é efémero, de um só gesto. Na Land Art a obra só se completa após a sua destruição, eternizando-se com arquivos fotográficos, que testemunham a sua evolução e decomposição.

Em espaços nus e desertos, ninguém poderá adquirir as suas obras nem lhes poderá atribuir uma cotação. Numa sociedade de hiperconsumo e de desenvolvimento industrial incontrolado, estes artistas recusam-se a criar objectos como "dama de companhia" de outros objectos.
Os seus círculos e espirais, tão característicos, são mais que uma expressão colossal da Arte Minimal. A projecção de uma atmosfera romântica associada ás órbitas cósmicas, os cultos de Fé e os rituais num espaço, a disseminação de um vasto panorama de imagens, tudo isto toca, de certa forma, na Land Art. Assim como os pintores da Landscape do século XVIII e XIX, - David Friedrich, John Constable – evocam constantemente os círculos megalíticos, estruturas indianas calendarizadas, pictogramas dos Peruvianos, entre outros.

A presença física de Michael Heizer, Robert Smithson, Walter De Maria, Robert Morris na natureza distingue-os dos outros comuns artistas. O envolvimento na paisagem é ainda mais profundo: a maior parte dos seus trabalhos estão estritamente ligados com os sítios. A força primordial do cenário, o desnudar das camadas geológicas, a exposição para a erosão e clima, o envolvimento corporal de humanos em profundidades artificiais monumentalizaram as suas obras, que viajam entre a história natural e a arte. Estes não são discretos, entendidos como representações isoladas, mas totalmente relacionados com o ambiente circundante - uma experiência inimitável, vivida nos espaços da galeria através de fotografias, mapas, documentos escritos.

Embora os artistas rejeitem o espaço físico da galeria, o que acontece de facto é que a Land Art, como todas as formas avant-garde activas, continua dependente do museu. Richard Long encontrou uma solução para este problema: a importação de elementos naturais para dentro da galeria - Vermont Georgia South Carolina Wyoming Circle, e Robert Smithson desenvolveu a teoria que relacionava a localização particular de um ambiente - o sítio - com os espaços anónimos e intercomplementares das galerias – os non-sites.
Na mesma esfera, embora num outro extremo, aparece-nos Christo e Jeanne-Claude, no seu trabalho interventivo na Landscape e, maioritariamente, na Cityscape. Nesta última, o seu trabalho, fisicamente efémero, envolve obrigatoriamente o social, tendo como resultado permanente a sensibilização comunitária e uma possível memória colectiva.

Em 1979, o crítico Rosalind Krauss propôs um entendimento racional, uma solução para a desmesurada proliferação da(s) arte(s). Baseando-se no campo extensivo de Morris, Krauss escreve que a Land Art poderia ser melhor definida como não sendo nem paisagem nem arquitectura. A sua inter-relação com as Instalações e a Environmental Art começou a fazer sentido. O conceito base foi-se transformando e adaptando, alterando a essência filosófica deste movimento - "Na Natureza nada se perde (…) tudo se transforma



Fontes: Wikipedia e Land art online

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