Cortinas de abrigo com vegetação

Cortinas de abrigo

Por Nuno Leitão
Extraido de http://naturlink.sapo.pt/article.aspx?menuid=3&cid=39715&bl=1&viewall=true#Go_1



As cortinas de abrigo são elementos estruturantes numa paisagem agrícola. Estas podem ser remanescentes de antigas florestas, resultado de colonização espontânea ou plantadas devido à sua importância para a agricultura, fauna e flora.
As cortinas de abrigo de paisagens agrícolas, compostas por árvores e arbustos, têm um papel fundamental para a protecção das culturas agrícolas, do gado e da fauna e flora silvestres, particularmente em zonas muito expostas ao vento, como nas regiões costeiras. Comparativamente a áreas expostas, a velocidade do vento é reduzida em cerca de 30 a 50% numa área protegida por uma cortina de abrigo.

A redução da velocidade do vendo traduz-se em alterações microclimáticas na área protegida. A extensão da zona sob o efeito da cortina de abrigo, depende da velocidade e turbulência do vento e da orientação e estrutura da cortina. Teoricamente (num túnel de vento), na zona protegida, distinguem-se duas situações derivadas da influência das cortinas: a zona QUIET e a zona WAKE (Fig. 1). 
 
A zona QUIET, situada imediatamente a sotavento da cortina de abrigo, tem forma triangular e tem uma extensão de 8h (h é a altura da cortina de abrigo). Nesta zona, verifica-se a redução máxima da velocidade do vento e uma turbulência muito reduzida.
A zona WAKE situa-se a sotavento da zona QUIET, é de maior extensão e é caracterizada pela ocorrência de turbilhões de maior dimensão. A turbulência nesta zona pode mesmo ser superior à turbulência numa área sem a protecção de uma cortina de abrigo. A sotavento da zona WAKE o perfil do vento retoma as características das zonas sem influência das cortinas.

Fig. 1 - Zona QUIET e zona WAKE representando as alterações dos padrões do vento devido à presença de uma cortina de abrigo de altura h.  
As zonas QUIET, em particular, têm várias consequências positivas:

1. Redução substancial do efeito abrasivo do vento nas folhas das culturas, efeito este que quando não é minimizado leva a que as folhas danificadas não controlem a sua transpiração.

2. Redução do efeito desfoliante, o que afecta os índices de área foliar e consequentemente permite aumentos de produtividade, além de que nas plantas não protegidas podem ocorrer folhas mais espessas (folhas com mais células lenhificadas) o que reduz a taxa relativa de crescimento.

3. Diminui a queda de frutos.

4. Redução da erosão eólica, que em zonas muito ventosas, poderia comprometer a produtividade, e reduz, entre outros impactos negativos, a emergência de plantas e o desenterramento de sementes. 
 
5. Reduz a transpiração das plantas se o ar estiver seco, o que traduz aumentos de produção, mas se a atmosfera estiver húmida, a transpiração é superior à de plantas em zonas não protegidas.

6. Aumenta a temperatura até cerca de 2ºC, o que pode ser muito importante em climas frios, podendo determinar o aumento da taxa de crescimento e o aumento do período de crescimento. No entanto, em climas quentes este efeito pode ser muito negativo, podendo causar danos irreversíveis na fotossíntese, divisão celular e crescimento.

7. Aumenta a produção das culturas numa média de 23% a 25%, podendo chegar a aumentos de 50%. Este efeito, consequente dos anteriores, varia com as condições climáticas. Em cada clima, se os factores limitantes forem minimizados pelos efeitos descritos nos pontos anteriores, podem-se verificar aumentos significativos nas produções.

A altura da cortina de abrigo tem também influência a barlavento (em cerca de 3h a barlavento) com efeitos idênticos às zonas QUIET (Fig. 1).

Além da altura, os efeitos de uma cortina de abrigo dependem da sua orientação, permeabilidade e homogeneidade. As cortinas de abrigo deverão estar orientadas perpendicularmente aos ventos dominantes, de forma a minimizar a sua velocidade. A largura de uma cortina, tem por sua vez, efeitos menos importantes na redução da velocidade do vento. Uma cortina estreita com permeabilidade média tem tanto ou mais impacto do que uma cortina composta por várias filas de árvores. Para além disso, uma cortina larga ocupa maior área de solo, o que pode significar uma desvantagem. 
Uma cortina de abrigo impermeável desvia todo o fluxo de vento, exerce mais atrito e reduz mais a velocidade do vento, mas pelo facto de não haver penetração de ar através da cortina geram-se turbilhões, resultando numa menor extensão de área sob protecção da cortina (Fig. 2).

Com uma cortina de abrigo de permeabilidade média, apesar da menor redução da velocidade do vento a sotavento, a extensão de área protegida é superior (Fig. 3). Uma cortina de abrigo pode ter oscilações de permeabilidade ao longo do ano, particularmente quando são compostas por árvores de folha caduca. As cortinas mais eficientes têm uma permeabilidade com cerca de 35 a 40%, principalmente se esta permeabilidade se verificar no topo da cortina. As cortinas deverão apresentar no topo uma permeabilidade desta ordem e ser densas na base, por forma a reduzir a turbulência a sotavento.

Fig. 2 - Cortina de abrigo densa. 

Fig. 3 - Escoamento do vento numa cortina de abrigo de permeabilidade média. 
Assim, pode-se concluir que sistemas agro-florestais compostos por culturas agrícolas e cortinas de abrigo poderão ser muito eficazes na manutenção da produtividade dos solos, indiciando o elevado valor económico das cortinas de abrigo. Para optimização destes sistemas, ao longo dos campos agrícolas as cortinas de abrigo deverão ser plantadas perpendicularmente à direcção dos ventos dominante, paralelas umas em relação às outras e estar espaçadas em intervalos de 10 a 15h.
Além dos efeitos resultantes da interacção das cortinas de abrigo com o vento, estas têm um elevado valor biológico para flora e para a fauna, servindo como abrigo para protecção e nidificação, assim como fornecimento de alimento.
É altamente vantajoso para o terreno e para a Biodiversidade (pergunte-nos e nós aconselhamos)

O Curso "Sementes à Terra" de Junho

O curso "sementes à terra", oficina muito prática de Bio-horta em permacultura realizado em Junho de 2011 foi uma extraordinária experiência que agradecemos a todos os participantes, (assim como feed-back que nos têm dado posteriormente).

Foi unânime a opinião e sensação de terem ficado realmente (e nalguns casos, finalmente) esclarecidos e "experientes", de como se faz na prática uma horta biológica, para alem da compreensão de vários conceitos e técnicas.

Gratos também à Dra. Joaquina Corado pela gentil cedência do seu quintal para a realização do curso, assim como da sua extraordinária hospitalidade com anfitriã.

deixamos aqui algumas fotos cordialmente partilhadas pelo formando, João Anastácio.

Um grande obrigado a todos
















Porque devemos esforçar para relacionar com a Natureza


"Eu gosto mais de brincar dentro de casa, porque é lá que estão todas as tomadas eléctricas ", vem referido como declaração de uma criança no livro  “Last Child in the Woods  de Richard Louv.

Esta afirmação (e muitas outras semelhantes que frequentemente tenho ouvido no trabalho com crianças) dá o choque da percepção de como as estão desligadas da natureza, pois, tanto crianças como adultos, estão cada vez mais viciados em aparelhos digitais e tecnologia. O problema é que, á medida que passamos mais tempo no mundo electrónico e virtual, estamos menos em contacto com o natural.

E se perdemos ainda mais da nossa conexão com a natureza, da vivência e partilha com os elementos da terra, o que isso pode significar para o planeta?

Sabe-se que desde o ano de 2009, 93% dos adolescentes e 77% dos adultos estão online, de acordo com um Relatório do projecto "Pew internet" . Crianças com idades entre 8-18 gastam uma média de 7,5 horas por dia, 7 dias por semana, em contacto com computadores, TV, jogos de vídeo, aparelhos de música, telemóveis, etc de acordo estudo da Fundação Kaiser Family.

Um outro estudo descobriu que mais crianças de tenras idades, podem jogar um jogo de computador e abrir um navegador na internet do que nadar ou andar de bicicleta. Enquanto isso, tem havido um declínio constante nas visitas em áreas em vários pontos do planeta, e uma queda em caminhadas, campismo, e actividades de ar livre de um modo geral.

Hoje muitas crianças e adultos sofrem do que Richard Louv chama de "transtorno de deficit de natureza" - a consciência reduzida e uma diminuição da capacidade de encontrar sentido na vida ao nosso redor. As crianças já não têm a oportunidade de brincar livremente na natureza, explorando madeiras ou corrente de um ribeiro, e há menos áreas naturais que são facilmente acessíveis, sobretudo nas zonas mais urbanas. Embora eu tenha crescido no campo, vários amigos que cresceram em Lisboa afirmam que em crianças tinham oportunidade de explorar muitos baldios então existentes e actualmente transformados em prédios de habitação estacionamentos ou zonas comerciais, portanto, até aqueles campos de erva que possibilitavam inúmeras brincadeiras e aventuras, actualmente desapareceram na cidade.

O tempo livre das crianças é altamente planeado em inúmeras actividades extra escolares (a musica, o inglês, as artes plásticas, etc) deixando muito pouco tempo para a brincadeira livre de descoberta do mundo, as suas vidas são cada vez mais protegidas na medida que as famílias se preocupam cada vez mais com os perigos que representam os estranhos, as doenças transmitidas por insectos e germes e sobretudo o grande fantasma do futuro e da habilitação técnica para o mundo profissional cada vez mais competitivo e exigente. E as escolas estão cada vez mais em corte com as viagens de campo, quer seja por não terem verbas para tal, como pela enorme pressão de responsabilidade que tanto pais/mães assustados, ou ainda pelas regras que instituição Ministério da educação lhes impõe também estes vitimas da incrível paranóia e fobia que a natureza é perigosa e assustadora. Isso e infelizmente (pelas consequências indirectas) já há muitas décadas que não acontece, sendo completamente obsoleto e castrador.

A nossa definição de natureza precisa ser mais ampla que um ecrã de computador ou televisão, ou as páginas de um livro (por muito bons que sejam). Precisamos fugir da ideia de que a natureza é "lá fora", que é algo que se deve visitar, mas inevitavelmente implica uma deslocação de muitos quilómetros. Tudo isto implica repensar o papel da natureza nas nossas cidades, e sobretudo nas nossas vidas quotidianas, o que numa relação directa de efeito causa, significa que temos também de repensar o nosso papel na Natureza.

Nos dias que correm temos mais de metade da população mundial que vive em cidades, e em, resultado está diante de dois extremos opções em termos das experiências significativas na natureza que nos podemos proporcionar. Ou o início pela opção de novos tipos de cidades ou uma nova definição de natureza.

De acordo com Louv, a conservação já não é de todo suficiente, é preciso também restaurar ou criar habitats naturais nas quintas e propriedades rurais, nas cidades, bairros, prédios comerciais, estradas, e também em telhados e varandas, para proteger a biodiversidade de que todos os seres vivos, incluindo os humanos, precisam.
No entanto, algumas análises e indicadores, evidenciam a existência de vários factores positivos entre a saúde humana, a inteligência e natureza.
As crianças são mais saudáveis, felizes, e provavelmente mais inteligentes e criativas quando têm algum tipo de relação regular com a natureza, pois esta tem efeitos positivos sobre as crianças com transtorno de deficit de atenção, asma e obesidade. Por outro lado é bem sabido que estar na natureza alivia o stress e melhora a saúde física.

Par os trabalhadores que estão em espaços em foi dado alguma atenção e espaço para a natureza na sua concepção, estas pessoas são mais produtivas, saudáveis ​​e criativas. Também em pacientes de hospital em que lhes é permitida a observação de algum verde e natural existente fora da janela, constata-se a capacidade de curar o recuperar mais rapidamente, para além de não chegarem a entrar na depressão inerente ao estado de doença e incapacidade, mesmo que temporária.

Alguns estudiosos acreditam que temos uma ligação inata e espontânea, uma afinidade inata para a ligação com a natureza, ao que chamam biofilia. Mas por outro lado as pesquisas indicam que se as crianças não têm a oportunidade de explorar e desenvolver essa biofilia durante os primeiros anos de vida,  essa biofilia irá transformar-se muito claramente em biophobia , um processo de aversão à natureza, que acontece sobretudo por medos e inseguranças desenvolvidas e muito difíceis de ultrapassar. A biophobia pode assumir a forma de um medo de estar na natureza, até ao desprezo relativamente ao natural, assumindo a ideia que o que não é feito ou conseguido pelo homem nada vale, adoptando então uma atitude em que a natureza é nada mais do que um recurso descartável, atitude essa que levará inevitavelmente a humanidade á sua própria extinção a não muito longo prazo.

Se queremos proteger o nosso ambiente e a biodiversidade, teremos de socialmente ir criando oportunidades tendo em conta que relacionar com a natureza é crucial para crianças e adultos. Precisamos passar mais tempo desligados da tecnologia e encontrar maneiras de deixar a natureza equilibrar as nossas vidas, tão conturbadas nos dias que correm.

Encontrar pequenas aberturas para a natureza em cada dia, seja no na cidade, em casa, no local de trabalho, nas escolas e nos bairros. Perdermos algum tempo a olhar para uma árvore, um canteiro de flores, aves em voo ou outros factores. Para as autarquias ou para aqueles que têm o privilégio de ter um pequeno quintal, a plantação de espécies autóctones e nativas nos referidos espaços, pode revelar-se vital. Assim como deixar parte dos espaços selvagens. Fazer um esforço na vida atribulada para levar as crianças em caminhadas, um piquenique no campo, construir um alimentador para aves ou ir fazer observação destas aves, um passeio no parque, andar de bicicleta, criar uma horta comunitária, fazer um piquenique, ou exercício físico ao ar livre. Tudo vale.

Também são cada vez mais aqueles que trabalham para retornar as crianças à natureza através da educação, urbanismo, arquitectura, conservação, saúde pública e muitas outras disciplinas, com a natureza servindo de base para ideias e ferramentas que os professores e as famílias utilizam em actividades e eventos.

"No final, o destino da biodiversidade e dos ecossistemas depende das escolhas políticas e escolhas individuais...", escreveu Peter Kareiva- "Se as pessoas nunca experimentam a natureza para terem a percepção e compreensão dos serviços que a natureza proporciona, é improvável que as pessoas acabem por escolher um futuro sustentável." De facto, a maioria dos ambientalistas e conservacionistas seguramente tiveram experiências profundas com a natureza enquanto foram crianças, experiências essas que ajudaram a moldar as suas aspirações futuras. Por mim falo e do mesmo modo, por muitos outros colegas de trabalho que tenho conhecido ao longo do meu percurso, em várias instituições, organizações e projectos, sempre e de algum modo com a conservação da natureza e o desenvolvimento sustentado como bandeiras principais.

Temos de assegurar à próxima geração que também tenha a oportunidade de ter encontros significativos e marcantes com a natureza, porque não pode crescer a amar sem não experimentar e tocar. 

Se as crianças perdem o amor pela natureza, quem e como serão os gestores do ambiente do futuro?

Uma coisa é absolutamente certa e incontornável na equação a formular na nossa actualidade
Não é o planeta que urge salvar, pois ele já passou por experiências mais difíceis que “a humana” e a todas sobreviveu. É a nós e ao nosso modo de vida que temos de salvar, pois para o planeta e universo, trata-se apenas de mais uma ou menos uma extinção… a vida continua, com ou sem humanos "

Cultivar Biodivercidade

jardins urbanos como habitats



O aumento das zonas urbanas acontece actualmente a um ritmo acelerado em todo o mundo, o que de forma geral e transversal, é unanimemente aceite como um factor prejudicial para a biodiversidade. Interessa então  maximizar o potencial benefício de ambientes urbanos para a vida selvagem, para o que é essencial entender os possíveis diferentes tipos de uso do solo urbano e respectivos efeitos para a biodiversidade.

Os pequenos (mas muitos) jardins domésticos de particulares têm o potencial de desempenhar um papel crucial no apoio à biodiversidade urbana. Em Lisboa (classificada actualmente como uma das cidades Europeias com maior impermeabilização de solos), as zonas residenciais podem ser responsáveis ​​por mais de 60% de área de terra urbana pelo que os jardins privados podem representar uma proporção significativa da área verde total.


Os jardins urbanos, obviamente, não são um  substituto para muitos dos habitats semi-naturais, mas não têm que ser desertos de vida selvagem. Os jardins, caso direcccionados para esse efeito, podem oferecer uma grande variedade de recursos, variedade de microclimas, espécies de plantas, e estruturas de vegetação. Do mesmo modo e igualmente importante, podem recriar habitats, tais como pequenos logos, que na verdade podem ser de forma irónica, cada vez mais escassos na própria natureza.                                   A diversidade da fauna potencial é ilustrado pelo estudo de longo prazo no jardim de um subúrbio em Inglaterra (onde as condições e tipo de vegetação e fauna não são muito diferentes da nossa), e que foi gerido com beneficio para com a vida selvagem, onde mais de 2.200 espécies animais e vegetais foram registados. Noutro estudo registaram mais de 95 espécies de plantas silvestres num só jardim.

Além disso, os jardins não são habitados apenas por espécies comuns e vulgares, ou mais abundantes e adaptáveis. Acontece não raras vezes que algumas espécies de plantas autóctones são actualmente já consideravelmente raras no estado selvagem e nestes casos, as espécies de fauna directamente dependentes podem estar em quase extinção na Natureza selvagem, mas existir num jardim por lá existir essa determinada espécie vegetal. Deste modo um simples jardim pode ter não só um efeito de incentivo é biodiversidade, mas ser um verdadeiro reduto final para algumas espécies sériamente ameaçadas no estado Natural. 

Quais os factores que afectam a biodiversidade nos jardins domésticos?

Como indicam os exemplos, os jardins podem oferecer um grande potencial como habitats para ambas as espécies comuns e raras. No entanto, há muito poucos estudos detalhados da biodiversidade nos jardins, e as que existem são restritas aos jardins individuais. Essa pesquisa não pode nos dizer como a biodiversidade varia entre jardins. Estudos em escalas maiores normalmente implicam a preocupação com grupos de organismos que podem ser observadas pelos proprietários de jardim. 


                                                                                                                                                                                         Este tipo de estudo revelou-se muito valioso neste aspecto, mas não pode nos dizer se as diversidades de taxa relativamente bem estudados (por exemplo, aves, anfíbios) são representativos de outros grupos, menos conhecidos (invertebrados, fungos e plantas nativas), que quase certamente formam o maior componente da fauna do jardim. É evidente que há uma necessidade de compreender quais as características dos jardins domésticos, e do seu entorno, e que afectam a biodiversidade. 

Qual é a eficácia da "jardinagem para a vida selvagem?

Embora o estudo da biodiversidade do jardim seja limitado, existe a consciência pública que os jardins podem ser geridos para incentivar a vida selvagem. Muitos conselhos estão disponível em livros e os meios de comunicação sobre a jardinagem para a vida selvagem. Algumas abordagens populares e amplamente defendidas incluem a criação de lagoas, cultivo de plantas como fontes de néctar para os insetos, a instalação de locais de nidificação artificiais para os cantos ou hibernação por pássaros, morcegos ou insectos, e numa diferente gestão do jardim, permitindo à relva crescer mais, ou a existência de madeira morta entre muitos outros tipos de soluções.

Se essas atividades forem bem sucedidos, então, dada a referida área de jardins em ambientes urbanos, estas medidas para conservação e incentivo da biodiversidade pode desempenhar um papel importante para aumentar a mesma, e portanto, na conservação urbana em geral. Alguns soluções são óbvias - há poucas dúvidas de que as lagoas podem atrair espécies que antes estavam ausentes, ou que as caixas de aves são utilizadas eficazmente para o fixação de aves. 

Nós utilizamos estes modelos e muitos outros aqui não referidos, sobretudo inspirados na nossa longa experiência em gestão de ecossistemas e habitats naturais para a conservação, neste caso aplicados em pequena escala, em micro habitats como podem ser os jardins, e por isso mesmo nos propomos a incentivar, instalar e dar consultoria a todos os que queiram aderir a este modelo.

Que o "não-conhecimento" nunca seja a razão para não fazer

ORGÂNICA DE UM SOLO DE JARDIM SAUDÁVEL


Orgânica do solo

Foto: orgânica do solo
Um solo saudável, rico em nutrientes e vida, é o elemento essencial de qualquer jardim. Solo é um ecossistema complexo e delicado na sua própria relação directa com uma infinidade de organismos que vão converter uma grande variedade de materiais inactivos na nutrientes essenciais que suas plantas vão prosperar. Os fertilizantes químicos podem destruir estes organismos e criar no jardim ou horta um ciclo de dependência.
Um princípio fundamental da jardinagem ecológica é alimentar o   solo e de seguida, deixar a terra alimentar as suas plantas. Fornecendo os materiais que a fauna e flora naturais no seu solo precisa para prosperar, irá incentivar mais e mais destes pequenos organismos que trabalham duro para crescer e se multiplicar. O resultado, uma qualidade cada vez maior do solo com mais nutrientes e mais disponíveis para as necessidades das plantas existentes.
A existências destes insectos, vermes e micro-organismos no solo também têm um efeito benéfico e positivo no arejamento do mesmo, tornando-se menos necessária as tarefas de mobilização.
Quando o solo desenvolve as condições ideais para os efeitos de propagação e vida própria dos micro-organismos, isso constitui a maior evolução de força e vitalidade do ecossistema. O bom solo promove  populações saudáveis ​​de minhocas e vermes e proporcionam as condições também, para atrair visitantes maiores de fauna selvagem.
Com estes pequenos seres no jardim, facilmente poderão começar a ser observadas sinais de visitas de ouriços, sapos e várias espécies de aves. Essas presenças por sua vez, ainda mais contribuem para a qualidade do solo. Você ficaria surpreso o quanto de nutrientes sai das fezes das aves que poderão habitar o seu jardim e desse modo enriquecê-lo tanto na fertilidade, no controle de pragas, como no fantástico elemento da biodiversidade.

AS ÁRVORES NA CIDADE


Extraído de Naturlink
As árvores podem desempenhar inúmeros papéis na cidade: além de proporcionarem um ambiente agradável, melhoram a qualidade do ar, diminuem a erosão dos solos, reduzem o perigo de cheias e contribuem para melhorar o ambiente social.
As "florestas urbanas" absorvem o dióxido de carbono e transformam-no em oxigénio, ajudando a diminuir as emissões de CO2 que contribuem para o aquecimento global. Além disso, filtram poluentes ambientais como o dióxido de azoto ou o dióxido de enxofre e fazem depositar as poeiras em suspensão no ar. Segundo um estudo realizado em parques de estacionamento por McPherson e Simpson (2000), as baixas temperaturas associadas à sombra das árvores podem reduzir a percentagem de hidrocarbonetos que evaporam do combustível dos automóveis. Neste sentido, o seu valor é incalculável já que o controlo da poluição atmosférica das cidades por outros meios é muito difícil.
Embora o ozono desempenhe um papel muito importante na estratosfera por absorver os raios ultra-violeta, é tóxico para o Homem, causando problemas respiratórios cujos principais sintomas são a tosse e dores no peito. As árvores, por fornecerem sombra, podem reduzir consideravelmente os níveis de ozono das cidades, trazendo benefícios para a saúde pública.


O sistema de raízes e a copa das árvores estabiliza o solo, limita a escorrência superficial, conserva a água subterrânea e diminui o risco das cheias que, nos últimos anos, têm atingido inúmeras áreas metropolitanas do nosso País. As plantas também atenuam as variações de temperatura a nível microclimático, fazendo com que no Inverno os edifícios circundantes não percam tanto calor e no Verão não aqueçam tanto, o que pode diminuir os gastos de energia.

Por outro lado, estas áreas podem ter variadas funções sociais. Além de encorajarem aactividades ao ar livre, mais saudáveis, tais como os desportos, os jogos ou os passeios, podem ser autênticos laboratórios vivos que garantem a presença de vida silvestre, onde se pode aprender acerca da natureza e observar os ritmos das estações. É ainda de referir que as sebes e arbustos densos atenuam os ruídos que, numa cidade moderna, podem facilmente exceder as intensidades aceitáveis.


Finalmente, estas "florestas urbanas" podem ser economicamente viáveis. O projecto inglês intitulado "The Black Country Urban Forest" tornou estas estruturas rentáveis ao explorar a sua madeira, carvão ou mesmo frutos e nozes. Uma outra vantagem seria a necessária criação de mais empregos para explorar comercialmente estas áreas.
As árvores são mais do que um adereço bonito num cenário, elas produzem uma infra-estrutura funcional que contribui de um modo significativo para a qualidade da vida nos centros urbanos, tanto a nível ambiental como a nível social e económico. Infelizmente, continuamos a assistir à destruição das escassas zonas verdes das nossas cidades para se construírem edifícios ou parques de estacionamento.