O jardim de águas vivas

O Jardim de Água Viva


Água, a união de duas moléculas de hidrogénio com uma molécula de oxigénio, facilita a 99% das transformações químicas na terra. Quando a vida surgiu da água, foi o equivalente biológico da teoria do Big Bang para a origem do universo. Simplificando, a vida não pode existir sem água. Em Portugal, num estado limpo e saudável, a água pura é cada vez mais difícil de encontrar. Urge mudar de atitude para assegurar o futuro, não da água, em termos muito pragmáticos, mas sim o nosso.


O Jardim Água Viva pode ter duas formas ou vertentes principais


No primeiro contexto e de uma forma mais abrangente, é um parque sobre a temática da  água, desde a qualidade da água com os processos naturais e artificiais para alcançar este fim, até da vida, na e da água. O Jardim de agua é como  um laboratório natural grande, que alimenta a cidade e ensina os cidadãos através da sua concepção e finalidade.

O parque é projectado para limpar a água. Não a água do esgoto, mas a da poluição química, criada pela vida de uma grande cidade industrial. Essa poluição é mais invisível e persistente do que as águas residuais. É esse tipo de poluição que, lenta e subtilmente contamina a nossa qualidade de água.

Essa poluição  espalha-se a partir da cidade para o resto do país ou em directo para o  mar ou o Mundo em geral . A natureza tem muitas maneiras e processos de cuidar da água. A água é naturalmente limpa  o tempo todo. É um dos aspectos maravilhosos da natureza, que está organizada para criar e sustentar a vida. Esta organização é complexa, por vezes invisível, mudando constantemente e constantemente trabalhando. Para entender como isso funciona é preciso observar a natureza demoradamente, uma oportunidade pouco possível às pessoas que têm que viver na cidade. O Jardim de Água Viva é organizado para sustentar a vida. Ele é apresentado de forma a mostrar a natureza e a água em trabalho conjunto para a qualidade da mesma. Revela a verdade sobre a nossa relação com a água.

Como funciona o Jardim Água Viva?

LAGOAS
Primeiro, a água é retirada do rio correndo para uma lagoa de decantação. Em seguida, na bacia de sedimentação, os materiais maiores e mais pesados depositam-se  no fundo, Micro organismos serão injectados na lagoa para trazer de volta a vida que pode comer os elementos contaminantes.

A boa água  contém minerais e micro-organismos e estes organismos comem a poluição. A água da lagoa de decantação é então passada sobre uma área pedregosa para arejar. As bactérias precisam de oxigénio para sobreviver. O ar permite que a água se limpe com estas bactérias.

Em seguida a água é tratada por muitas plantas especificas que absorvem as diferentes substâncias químicas contaminantes . As lagoas são muito grandes e é necessário que a água possa ali ficar  durante muitas horas para dar tempo às plantas que absorvam a maior quantidade possível das referidas substâncias.

FLUXO DE FORMAS

Então irá passar através de estruturas que ora sob a forma de esculturas ou longas pequenas cascatas mais ou menos estilizadas,  e que são chamados de fluxo  de formas (imagem seguinte) . Esse processo também ajuda a limpar a água, imitando a natureza com muita precisão.


A água move-se sempre, formando e reformando vórtices. Estes vórtices são as bases para mais formas de vida. Este movimento é o movimento que também limpa a água. A água não se move em linha recta. Quando a água percorre um caminho através de um tubo longo, ou através de linhas rectas, perde algumas das suas propriedades geradoras de vida.

 Depois de passar através do fluxo de formas, irá para outras lagoas. Neste ponto, a água pode sustentar a vida e nestas lagoas existem já muitas plantas, peixes e outros seres aquáticos. Estas plantas e animais continuam o processo de limpeza da água. No final destas lagoas existe um outro percurso de fluxo e depois da água sair  desse fluxo final já está muito mais limpa. Neste lugar no parque, existem áreas para as crianças brincarem na água.

No Jardim de Água Viva, pode ser visto esse sistema com estações de monitorização da água e informação explicando os processos ao longo do caminho. Isto implica um centro de educação ambiental completo, em que não só este processo como muitos outros sistemas naturais relacionados,  são apresentados, explicados e sempre que possível, demonstrados.

 A água limpa, limpa neste sistema,  vai voltar para o rio. Claro que isso não é suficiente para limpar o rio. Esta limpeza é um símbolo e um aprendizado. O parque vai ensinar os cidadãos .

Em 1992, do Instituto Scripps de Oceanografia descobriu que quantidades minúsculas de cloro na água potável aumenta fortemente o risco de cancro, especialmente cancro de próstata. Contagens de espermatozóides em mamíferos de grande porte, incluindo os humanos, têm vindo a diminuir e defeitos de nascimento têm aumentado devido aos resíduos de pesticidas que circulam no planeta.

Na Cidade, a água potável que consumimos é praticamente morta, são eliminados todos os elementos patogénicos e prejudiciais mas resulta num elemento que não contém a vida, que tem o papel de ir fornecendo paralelamente, os organismos que nos ajudam a absorver os nutrientes.

Por outro lado e apesar das iniciativas para limpeza e despoluição, a qualidade das águas dos rios continua a descer de uma forma geral e em todo o planeta.

As pessoas têm desistido de esperar que os rios, ribeiros e lagos sejam suficientemente limpos para nadar ou pescar .

Onde os rios atravessam  cidades, os cidadãos deram as costas para os rios e não têm nenhum relacionamento real com eles. E onde não existe uma relação não há cuidar.
Uma coisa é dar um passeio ao longo do Rio Tejo, o que é agradável e alegra-nos pela sua presença majestosa e bonita, mas algo completamente diferente é o pensar em entrar em contacto directo. Banharmos com os nossos filhos, passear de barco ou canoa, olhar para a água (o que não fazemos! olhamos lá para o fundo e vemos como é bonita a luz do céu azul reflectida naquela imensidão aquosa, mas se olharmos para baixo vemos os esgotos as correr com as Tainhas a alimentar dos nossos próprios dejectos).
Isto não é uma relação de cuidar, de preocupar, mas sim de alienar e desligamento.

Pensa-se importante ter a consciência e compreensão da importância que tem um público necessitar de ser confrontado, informado e sensibilizado para uma profunda compreensão da conexão entre a água e a vida e talvez posteriormente não irá continuar a tolerar a contínua degradação da qualidade da água.

Tal entendimento só pode ser promovido através da interacção directa com obras e apresentações com base na dinâmica da água. É a diferença entre ler um livro com uma história e vivê-la.

Para isso, foi originado o conceito de parques públicos de água viva, ou jardins onde as pessoas podem experimentar como funciona a água. Como  é limpa e em primeira mão.
.
Estes parques são uma combinação única de acesso ao tratamento de água através de dinâmicas e plantas especificas, em sistemas naturais, baseadas nas iniciativas para a comunidade, projectos de arte pública, centros de educação ambiental, laboratórios, e de oportunidades recreativas.


Quando as pessoas saem dos seus círculos habituais, as possibilidades de crescer acontecem muito mais rápidas. Este processo participativo e de esperança tem repercussões amplas, acelerando o trabalho individual dos grupos ambientalistas locais, artistas, público, cientistas e comunidade oficial. É um modelo de desenvolvimento sustentável e de tratamento de água no mundo inteiro. 


Os jardins de água

Agora e no segundo contexto referido no inicio deste texto temos a possibilidade de numa pequena escala, a do nosso quintal ou jardim, instalar um sistema semelhante para dar qualidade às águas mortas que saem das nossa torneiras.


Neste processo pode ser utilizado o fluxo de formas, que ioniza, oxigena e fornece alguns dos benéficos micro-organismos à agua.

Numa segunda abordagem é um elemento decorativo altamente estético e de grande harmonia para um jardim.

Numa terceira abordagem e mais complexa, para quem tenha uma quinta, pode com este sistema, adaptado à escala, fazer um sistema de tratamento das suas próprias águas residuais

Muito Complexo ou trabalhoso? Nós fazemos para si, é essa a nossa missão

A Sabedoria das árvores II



 A sabedoria das árvores II

As árvores sempre fascinaram os humanos. São os maiores seres vivos do nosso planeta, e talvez (dependendo do sentido estético e também em grande parte, das afectividades) uma das mais belas. As árvores aparecem em muitas religiões e por milhares de anos têm inspirados muitos artistas assim como formas de arte.

Quando eu era criança, vi o filme animado do "Homem que plantava árvores e crescia felicidade"  (que já apresentei aqui pouco tempo atrás e também me lembro de uma outra historia que a personagem principal era uma árvore. Também já ouvi de uma historia que não li mas me ilustra a ideia. Uma história de ficção científica em que os visitantes de uma civilização avançada, vêm ao nosso planeta e aterram a nave no meio de uma floresta. Os estrangeiros têm uma longa conversa com as árvores da floresta, e depois retomam a viagem espacial de novo, felizes e a pensar que os habitantes da Terra são nobres, inteligentes e pacíficos. Estas fantasias alimentaram o meu imaginario de forma muito forte.

Mas ainda antes disto tudo, como cresci um pouco sozinho e no campo, até aos meus 7/8 anos, numa quinta com e rodeada por muitas e grandes árvores, já de então me lembro de ter uma expontânea  e próxima relação com elas. Era uma relação animista como é próprio de uma criança. Falava e encontrava conforto nelas.

Já com 14 anos lembro-me de sentir pela primeira vez uma raiva e revolta intensa enquanto caminhava, banhado em lágrimas, por uma grande mata próximo da minha casa e que tivera sido cortada, foi o primeiro grande ultraje ambiental para mim. a profanação do meu templo e dos meus seres sagrados (e não estou a hiperbolizar ou a usar metáforas. Foi isso mesmo que senti).

Sempre tive uma veneração por estes seres, sempre os amei, sempre coloquei sementes de árvores imaginando-as crescer (qual bolota banhada na poção magica do druida Panoramix, que fazia as árvores crescer de imediato). Porquê tudo isto?

Simples para mim. Não existe ser vivo á superfície da terra, mais digno de tal amor. Não existe ser mais nobre e altruísta que uma árvore. Sempre a dar, sempre a tolerar, sempre em paz e harmonia, como se da mesma fossem os guardiões (e isto tanto pode ser metafórico com até cientifico, aos olhos da ecologia).

As árvores mais antigas

As árvores são também os mais antigos organismos vivos na Terra. Elas são um elo directo com milhares de anos de história.A idade longa das árvores faz com que sejam úteis para todos os tipos de pesquisa científica. Os anéis dentro de uma árvore são particularmente úteis para dizer aos cientistas sobre as mudanças no clima que aconteceu há milhares de anos atrás, antes de registos escritos serem feitos e mantidos.

O mais antigo organismo vivo na Terra é um pinheiro Bristlecone que cresce nos EUA. Tem cerca de 4.700 anos, o que significa que estava em pleno crescimento quando os egípcios construíram as pirâmides.


 Sri Maha Bodhi é uma árvore Banyan que vive no Sri Lanka.  É a árvore mais antiga do mundo com uma história registrada de mais de 23 séculos. É adorada por mais de 2.000 pessoas diariamente, pois acredita-se ser uma muda da árvore original do Buda, na Índia, mais de 2.500 anos atrás.



A árvore de gingko é uma das mais antigas espécies de árvores que ainda vivem hoje. Sabemos que já existia 160 milhões anos atrás, quando os dinossauros dominavam a Terra.Mas os fósseis gingko desapareceram há cerca de 7000 mil anos. Os cientistas pensaram que estava extinta, até que foi descoberto um individuo no Japão em 1691. Os monges budistas continuaram a cultivar a árvore. Hoje é muito popular nos parques e jardins e é amplamente utilizado na medicina natural.





A comunidade de árvores

As árvores podem ter muito a  ensinar-nos sobre como ser parte de uma comunidade e como a cooperação é melhor do que a concorrência para uma sociedade . Os cientistas estão apenas no inicio do entendimento de como elas funcionam, mas já sabemos que uma comunidade de árvores que crescem juntas, compartilham todos os recursos disponíveis umas com as outras. Assim, as árvores fortes e em uma boa posição irão partilhar comida e água, com árvores mais fracas, que recebem menos luz solar. Fazem isto através das  raízes, do solo, e também das redes de fungos minúsculos que crescem no solo entre si.

E não compartilham apenas com as árvores da mesma espécie, qualquer tipo de árvore e mesmo planta, pode  beneficiar deste processo. Uma comunidade de árvores torna-se mais forte se trabalharem juntas. As raízes das árvores gigantes, por exemplo, crescem bem juntas e entrelaçadas debaixo do chão. É como estarem de mãos dadas. Isso significa que serão muito mais fortes e estáveis quando há ventos fortes ou inundações.

 Também a quantidade de espécies de fauna que dependem das arvores de forma total ou parcial, directa ou mais indeires«cta, é assombrosa na sua dimensão. quer seja para aliemnto, abrigo, suporte de ecossistema, protecção, etc, o papel das arvores na cadeia da vida é um dos mais importantes.
As árvores que são cultivadas em condições de cidade geralmente não vivem tanto como as árvores que crescem num ambiente natural, talvez porque estão mais isoladas (claro que há que ter em conta também as e«agressões da poluição, do vandalismo gratuito e insensível, etc). E as pessoas que trabalham com árvores sabem que uma comunidade com uma boa mistura de diferentes espécies é mais forte e resistente a insectos, doenças intempéries e actualmente sabe-se que também resistem mais e melhor aos fogos.

A energia das árvores




Ficou provado que os doentes no hospital melhoram mais rápido, sentem menos dor e vão para casa mais cedo, se houver árvores fora das janelas dos seus quartos. Espirituais e mestres religiosos durante muitos anos foram dizer aos seus alunos para irem aprender com as árvores, a observar a sua quietude e força, e tentar imitá-la. É verdade que as árvores absorvem enormes quantidades de energia do sol - mais do que qualquer outra coisa viva. E algumas pessoas acreditam que podemos sentir essa energia se escolher-mos uma árvore pela qual sintamos atracção, pondo os braços ao seu redor abraçando e ficar ali, só sentindo o contacto e fluxo de energia.

Este "abraçar uma árvore" crê-se ser bom para o stress. Sente-se que dão uma sensação de calma e força.

Todos sabemos que as árvores são essenciais para o meio ambiente e a sobrevivência do nosso planeta. Também sabemos que são de inúmeras aplicações imprescindiveis para a nossa vida moderna. Mas ainda não entendemos completamente o potencial da força e presença destes seres que compartilhamos o planeta. Talvez eles tenham ainda mais para nos oferecer no futuro e ainda muito mais para ensinar.



Land art - Texturas


Este é um conjunto de fotos seleccionadas a que chamei texturas.
São na maioria macros de detalhes em elementos Naturais. A Natureza está profunda e plena de arte e beleza em cada pequeno recanto