Porquê consumir alimentos biológicos?

Com uma  abundante e completa oferta  de produtos não-biológicos a preços acessíveis, que apesar de estarem em continuo aumento nos últimos tempos, ainda são inferiores à maioria dos biológicos e que existem em todos os nossos super mercados, por que nos preocuparmos em consumir a maioria ou tudo biológico?

No final a decisão cabe a cada um, mas entretanto apresentamos aqui algumas considerações que se tenta serem pragmáticas e imparciais sobre ideias instaladas, para ajudar na opção de cada um. E mesmo aquele que comece a consumir um único produto biológico por semana, estará a fazer alguma diferença?

Em primeiro apresentamos as normais e mais veiculadas dez razões para consumir biológico, depois então , entraremos em algumas reflexões sobre factos actuais do consumo de alimentos biológicos ou não.
  1. É saudável. Em média, os alimentos biológicos contêm teores mais elevados de vitamina C e minerais essenciais como cálcio, magnésio, ferro e cromo, bem como os anti-oxidantes que combatem o cancro.
  2. Sem aditivos desagradáveis. Os alimentos biológicos não contêm aditivos alimentares, que podem causar problemas de saúde tais como doenças cardíacas, osteoporose, enxaqueca e hiperactividade. Dentre os aditivos proibidos pela Soil Association são gordura hidrogenada (adoçante artificial) aspartame e glutamato monossódico.
  3. Evita pesticidas. Mais de 350 pesticidas químicos são rotineiramente usados na agricultura convencional e os resíduos estão frequentemente presentes em alimentos não-orgânicos. Foram recentemente encontrados altos níveis de resíduos de pesticidas nos alimentos para bebés, espinafre, frutos secos, pão, maçã, aipo e batatas fritas.
  4. Livre de OGM .Organismos geneticamente modificados (OGM) e seus ingredientes não são permitidos sob os padrões de produto biológico.
  5. Risco de dependência de drogas removido. Há uma crescente preocupação com o uso elevado de antibióticos em animais de Quintas e os possíveis efeitos na saúde humana. Tais não são permitidos na pecuária biológica.
  6. Eliminação de custos ocultos. Como contribuintes que pagamos 120 milhões anualmente para remover os produtos químicos a partir de nossa água potável, perda de solos e vários outros prejuízos indirectos da agricultura convencional, principalmente agro tóxicos usados na agricultura intensiva. E não estão contabilizados económica os efeitos do mesmo factor na saúde humana, e respectivo custo publico nos investimentos públicos em saúde. 
  7. Altos padrões. Todas as explorações biológicas e empresas de alimentos são inspeccionadas pelo menos uma vez por ano. As normas para alimentos biológicos são estabelecidas na legislação europeia.
  8. Cuidados e respeito para com os animais. Os benefícios da agricultura biológica são reconhecidos por organizações de bem-estar animal, e neste caso mesmo para quem consome carne e produtos animais, existe uma garantia que estes foram tratados com respeito e dignidade, mesmo sendo em final destinados a alimentação humana.
  9. Benéfica para a vida selvagem e meio ambiente. A agricultura biológica é melhor para a vida selvagem (o que é apoiado por todas as organizações ambientais do mundo), por gerir de forma mais equilibrada os recursos naturais e habitats naturais, assim como sistemas de culturas. Produz menos dióxido de carbono, bem como menos resíduos perigosos em geral.
  10. Sublima o paladar. Muitas pessoas preferem alimentos biológicos porque afirmam que tem um paladar superior. Não é por acaso que os grandes chefs, como Raymond Blanc, Hugh Fearnley-Wittingstall, Grigson Sophie, Jamie Oliver e Anthony Thompson Worral, escolheram todos eles os ingredientes biológicos para as suas receitas.
Os pesticidas artificiais têm sido associados a muitos problemas de saúde. Embora os governos e os fabricantes continuam a insistir em que o seu uso é seguro, só têm testado os produtos químicos individuais. Não houve nenhuma investigação sobre os efeitos a longo prazo de vários compostos. A investigação tem demonstrado que existem riscos para a nossa saúde, tanto pela alimentação como pela proximidade de campos quando são pulverizados.

Em alguns estudos, as crianças foram consideradas especialmente susceptíveis aos efeitos nocivos dos pesticidas.
Inclusive e numa análise mais drástica, uma série de estudos têm encontrado instâncias superiores do cérebro de leucemia, cancro e defeitos congénitos em crianças com exposição precoce a pesticidas.

Naturalmente, nós recomendamos que cada um pesquise e leia a sobre o assunto, para formar a sua própria atitude.

No entanto existem alguns elementos m,ais polémicos e que podem ser um obstáculo ao consumo frequente de produtos biológicos, dos quais comentamos principalmente:
  1. O preço mais elevado. De facto, o preço em geral é mais elevado em vários produtos biológicos, sobretudo nos transformados o que se justifica pelo elevado nível de exigência e diferentes tecnologias, assim como critérios de selecção de ingredientes nos processos de transformação. Quanto aos alimentos frescos, os preços mais elevados podem justificar-se por um lado por acontecer alguma menor produtividade que se tenta compensar no preço. Por outro lado por acontecer um processo altamente injusto no sistema económico agrícola, ou seja para produzir biológico é exigida a certificação para segurança do consumidor, o que por sua vez tem custos considerávelmente elevados, e também uma série de acréscimos em termos de processos burocráticos e fiscais, que tornam tudo menos rentável. Por outro lado uma exploração agrícola que se dedique a uma intensa contaminação do ambiente e da saúde dos consumidores, não tem nenhum destes custos. Questão polémica e que exige alguma reflexão.
  2. Por fim e ainda neste contexto, há um elemento muito importante que tem a ver com os hábitos de consumo. Quando compramos tomate, courgete, pimento etc em época de máxima produção dos mesmos, já temos analisado e verificado que por vezes os produtos biológicos chegam a estar a preços inferiores ao convencional (e referimo-nos a estabelecimentos de grandes superfícies). Portanto e se soubermos comprar os produtos de época, esses preços não são proporcionalmente tão elevados, . Durante o verão passado em que fizemos esta análise de comparação, deparámos com pêssegos, tomate, maçã, pêra, banana, couves várias, alface, batata, pimento e tomate (entre muitos outros), provenientes de grandes superfícies, a preços iguais ou mais elevados, e que como sabemos, estes espaços normalmente praticam os preços mais baratos do mercado. Portanto existem várias formas de abordar o factor preço.
  3. Por outro lado ainda existe em Portugal uma produção biológica insuficiente para o crescente consumo, pelo que muitas coisas acabam por nos chegar por importação o que por vezes também encarece o produto final. O consumo de proximidade não certificado, mas que se baseia sobretudo numa relação directa com as explorações e produtores (assim como comércio) pode ser também uma solução para o elevado preço, criando um mercado paralelo e alternativo, baseado no factor confiança. Algo mais complicado de conseguir, ou nem tanto, pois se compramos alimentos que seguramente nos contaminam, sem necessitar de referências especiais, porque não confiar num produto que nos chega ao mesmo preço e que nos asseguram ser biológico? O que perdemos por confiar, sobretudo se a exploração tem as portas abertas para que conheçamos quem nos alimenta e de que forma o faz?
  4. Cremos ser ainda de ter em conta num a análise do ponto de vista de gestão doméstica dois factores importantes e que do nosso ponto de vista aumentam a valorização dos produtos biológicos. Em primeiro estes têm mais sabor, mais propriedade nutritiva e mais densidade, pelo crescimento mais lento e moléculas mais concentradas. Isso leva a que aumente a satisfação alimentar, ou seja, o mesmo alimento com menos quantidade, o que não é de desprezar, num momento em que a todo o momento se fala que actualmente comemos demais com todos os consequentes recursos a dietas e afins. Por outro lado os produtos biológicos têm tendência a conservarem-se mais facilmente e aguentar mais até iniciar processo de decomposição, isto aliado a uma correcta gestão doméstica pode representar menos desperdício.
Assuntos de reflexão, nesta nossa sociedade de consumo e que ficam  ao critério de cada um as atitudes e opções a fazer.



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