O que é uma floresta autóctone?

É uma floresta de árvores originárias do próprio território. Neste caso, a floresta autóctone portuguesa é toda a floresta formada por árvores originárias do nosso país, como é o caso dos carvalhos, dos medronheiros, dos castanheiros, dos loureiros, da azinheira e do alecrim, etc.

Aqui se encontra uma lista mais completa das plantas autóctones do nosso país:

http://criarbosques.wordpress.com/especies/

Porque devemos dar tanta importância às florestas autóctones?

As florestas autóctones estão mais adaptadas às condições do solo e do clima do território, por isso são mais resistentes a pragas, doenças, longos períodos de seca ou de chuva intensa, em comparação com espécies introduzidas; Ajudam a manter a fertilidade do espaço rural, o equilíbrio biológico das paisagens e a diversidade dos recursos genéticos; São componentes importantes para o gado e pecuária, assim como para o suporte de cogumelos silvestres; As florestas autóctones fazem parte do nosso ecossistema. São importantes lugares de refúgio e reprodução para um grande número de espécies animais autóctones (muitas delas também em vias de extinção, infelizmente). Aliás, a sobrevivência de espécies como a Águia-Real, o javali, o lobo, dependem da existência e do estado de conservação destas florestas! Regulam o clima e o ciclo hidrológico, assim como servem de matéria-prima a produtos fundamentais na vida quotidiana.

As florestas autóctones são maioritariamente ameaçadas por incêndios, pragas, doenças, invasões por espécies exóticas e cortes prematuros e desordenados.

Os carvalhos autóctones, que constituem apenas 4% da nossa floresta actual, não possuem qualquer protecção legal, apesar da sua elevada importância ecológica pela diversidade de vegetação e de fauna silvestre que albergam.

Podem pensar que um maior número de espécies aumenta a diversidade numa certa zona, e isso é sempre favorável.

Neste caso, nem sempre o é.

Ao introduzirmos espécies exóticas, estamos a originar uma competição entre estas e as espécies autóctones. Geralmente, estas espécies exóticas são de crescimento bastante rápido! Desde a transmissão de agentes patogénicos a parasitas, a diversidade biológica sai sempre afectada, e a integridade da nossa fauna é ameaçada!

E não é só a floresta que sai prejudicada... Desde actividades económicas à saúde pública, todos somos ameaçadas pela introdução de espécies exóticas onde deveriam habitar os nosso sobreiros, ou os nossos salgueiros!! Aliás, grande parte do território florestal português (cerca de 2


São estas algumas das razões pelas quais é importante preservar e defender a floresta autóctone portuguesa.

É preciso manter o equilíbrio biológico. É preciso defender espécies que são naturalmente nossas, que fazem parte do nosso património natural. E, para sensibilizar todos, nada melhor do que o incentivo à reflorestação, nada melhor do que o contacto com estas plantas.

A floresta natural e nativa, ou autóctone, de Portugal é composta por uma grande variedade de árvores, arbustos e muitas outras plantas. O termo autóctone é sinónimo de nativo ou indígena, isto é, diz respeito a seres vivos originários do próprio território onde habitam.(Confragi, 2006). As árvores mais frequentes são por exemplo o medronheiro, o zambujeiro (ou oliveira brava), os carvalhos incluindo a azinheira e o sobreiro. Árvores já muito raras são o azevinho e o teixo. Como exemplos de árvores junto aos cursos de água, ou ripícolas, temos o amieiro, a bétula, o freixo, os choupos, o salgueiro e o ulmeiro. Arbustos típicos são por exemplo o pilriteiro (ou espinheiro) e a aroeira.

Segundo a FAO (Food and Agriculture Organization), uma floresta corresponde a uma área com mais de 0.5 ha, grau de cobertura arbórea (copas) superior a 10-30% e com árvores cuja altura, naquele local e na maturidade, tenha potencial para atingir 2 a 5 metros. Inclui também zonas integradas na área florestal que estejam temporariamente desarborizadas, mas para as quais é expectável a reconstituição do coberto florestal.

Cerca de 38% do território continental português é constituído por área florestal, representando uma mais-valia efectiva na conservação da Natureza e da Biodiversidade, na produção de oxigénio, na fixação de gases com efeito de estufa (dióxido de carbono), protecção do solo e manutenção do regime hídrico (Pereira et al., 2004). Para além do seu valor ambiental, grande parte das áreas de bosques autóctones são componentes importantes no pastoreio de percurso de ovinos, na actividade apícola e no suporte aos cogumelos silvestres. Caracterizam-se por uma elevada densidade florística que proporciona importantes locais de refúgio e reprodução para grande número de espécies autóctones de fauna, contribuindo para o estado e evolução populacional de espécies como o Corço, o Javali e o Lobo [Image]dependem em grande medida da existência e estado de conservação destas manchas florestais.

Os carvalhos autóctones, que constituem apenas 4% da nossa floresta actual, não possuem qualquer protecção legal, apesar da sua elevada importância ecológica pela diversidade de vegetação e de fauna silvestre que albergam.

Infelizmente, a área ocupada pela floresta natural no nosso país tem vindo a diminuir de forma constante e, desde há 500 anos, de forma drástica, devido à ocupação de terrenos para a agricultura, a pastorícia e monocultura de árvores, como o pinheiro e o eucalipto, devido ao fogo, etc. O grande declínio das nossas florestas acentuou-se na época dos Descobrimentos devido à construção naval, época em que foi iniciada uma política de arborização composta essencialmente por pinheiro-bravo, espécie bem adaptada e de rápido crescimento, que culminou com a criação dos Serviços Florestais e a política florestal do Estado Novo transformando as nossas serras em imensos pinhais. A partir de 1975, aumentam vertiginosamente os fogos florestais e, na sequência desta devastação, tem-se assistido à ocupação sistemática por eucaliptos e acácias.

Da opulenta e grandiosa floresta pós-glaciária, imensa selva que revestiu o globo há muitos milénios atrás, bem se pode dizer que apenas hoje subsiste mesquinho e transfigurado espólio. Em nenhum outro património natural se exerceu, com tão grande amplitude, o poder destrutivo do homem; e ao contemplarmos hoje os mesquinhos e arruinados vestígios da esplendorosa floresta primitiva, quase acreditamos que os passos da humanidade, no envolver dos milénios, foram alumiados pelos trágicos clarões da floresta incendiada, [...] pelo ecoar lúgubre dos golpes de machado e pelo ruir pungente dos esbeltos gigantes vegetais, vítimas de fúria insana de devastação e de pilhagem (J. Vieira Natividade, s/d). Sem a devida protecção legal, não se conseguirá travar o desaparecimento desta importante e singular floresta autóctone - os carvalhais portugueses.
Floresta Autóctone

A preservação de muitas das espécies autóctones passa, também, pela sua utilização na recuperação de áreas ardidas; como elementos de descontinuidade nos povoamentos de monoculturas; como espécies de bordadura nos povoamentos; na protecção dos leitos das linhas de água e nos jardins e espaços verdes. E, todavia, os Portugueses não se mostram muito conhecedores das espécies autóctones e da sua adequação aos meios que as viram nascer, prosperar e perdurar (Valente de Oliveira, 2006). “Esperamos que todos saibam reconhecer o valor das florestas naturais de Portugal para que as futuras gerações ainda as possam conhecer e usufruir delas”
É habitual, sobretudo quando se comemora o Dia Mundial da Floresta a 21 de Março de cada ano, ou quando de forma quase impotente se assiste todos os Verões ao espectáculo dos incêndios nos meios de comunicação social, se não os temos de combater para defendermos a nossa localidade, o nosso quintal ou até a nossa casa. Confronta-se na nossa memória a floresta das histórias de infância, dos desenhos que decoram as salas de aula, com aquela floresta virtual, que é difícil de descrever sem a companhia das chamas. Mas a todos os conjuntos de árvores, correntemente, chama-se florestas, apesar do conceito não ser aplicável a todos eles. Não temos na nossa região biogeográfica florestas tropicais, compostas por diversos estratos arbóreos, onde chove quase todos os dias e que se encontram organizadas em comunidades muito complexas, das quais geralmente só nos lembramos das componentes/espécies mais visíveis ou até mais vistosas. De forma simplificada podemos dizer que subsistem entre nós matas autóctones de folha persistente de clima tipicamente mediterrânico, geralmente no sul de Portugal Continental (como os sobreirais, os azinhais e os carrascais arbóreos da Serra da Arrábida) e as matas de folha caduca de clima mais atlântico, geralmente no centro e a norte (como os carvalhais).

Mas a dominar a paisagem estendem-se povoamentos florestais de arquitectura humana, como os eucaliptais e os pinhais. Os povoamentos florestais confrontam-se com as assimetrias derivadas da gestão quase industrial praticada por algumas empresas e a quase inexistência de gestão devida ao êxodo rural. Estes povoamentos mal geridos constituem a maior parte da área florestal do nosso país, aquela que, todos os anos, mais contribui para o aumento da área ardida. O espaço rural devidamente organizado em mosaicos paisagísticos (compostos por espaços agrícolas, pastagens e matas autóctones) já quase desapareceu, dando lugar a pinhais, eucaliptais ou matagais que ardem sistematicamente, mas com maior frequência e severidade. Cumpre-nos então perguntar: e o que fazer? Talvez seja necessário repensar o espaço e recuperar ecossistemas sustentáveis, projectados em função das suas características ecológicas, à semelhança dos antigos mosaicos da paisagem rural. Neste contexto, compete-nos também recuperar as nossas matas autóctones de carvalhos, de sobreiros, de azinheiras e de outras, todas elas ricas em biodiversidade e, consequentemente, em funções vitais para a natureza e para um dos seus componentes, o homem. É esta biodiversidade quem mais contribui para a infiltração das águas e a sua purificação, o aumento da humidade e da protecção contra incêndios, a amenização do clima, a protecção dos solos contra a erosão, a regulação das cheias, o fornecimento de alimentos, de matérias primas, de medicamentos e de ar purificado, proporcionando-nos ainda bons momentos de lazer e de bem estar físico e psíquico. O investimento nas matas autóctones, enquanto elemento fundamental na reconstituição dos mosaicos paisagísticos, trará inevitavelmente melhorias na nossa qualidade de vida e modificará radicalmente a imagem de floresta que se apoderou da nossa memória.

Eng. João Pedro Pereiros

(Quercus, 2004)


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