Transformar os Residuos em Criatividade



Na actual sociedade os resíduos são uma das grandes preocupações de qualquer gestão pública.
Apesar de corresponderem a apenas 1 por cento da área total do País, os municípios de Amadora, Lisboa, Loures, Odivelas e Vila Franca de Xira são responsáveis pela produção de 750 mil toneladas de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) por ano, quase um sexto de todo o lixo doméstico produzido em Portugal.
Números que numa perspectiva de “pensar globalmente e agir localmente”, não podem ser desprezados, tanto pelas implicações ambientais, como numa perspectiva de procura de novas soluções para reduzir o impacto e também dos custos de gestão.
Este projecto no seu todo pretende ser um contributo, ainda que pequeno, para encontrar algumas novas soluções e abordagens.


Os Movimentos


Respigadores
Respigar, tal como é descrito no dicionário, significa apanhar os restos após a colheita de cultivo. Se antigamente era uma prática comum, o aparecimento de maquinaria agrícola mais eficiente e menos selectiva, vieram substituir este hábito. Mas existem ainda respigadores, quer no meio rural quer no meio urbano que o fazem por necessidade, prazer, hábito cultural (transmitido de geração em geração), gestão económica ou por preocupação ética.
Algo que ficou para trás e que alguém não quis mais. Por ano, milhões de toneladas de alimento são deixadas pelas máquinas e respigadas, milhões de imagens passam, milhões de vida seguem, milhões de boas ideias se perdem. Não há qualquer demérito nisso. É uma interessante lei social.
Os respigadores actuais, uma vez alterada a ordem dos sistemas e culturas agrícolas, ganha mais relevo nas culturas urbanas, onde o desperdício é também imenso e na maioria dos casos, um problema para os órgãos de gestão, que se vêem obrigados a encontrar destino para milhões de toneladas de moveis, utensílios, restos de obras, industrias, oficinas, e muitas outras actividades económicas ou domesticas.
Recentemente, num contexto internacional, tem surgido um movimento denominado chamado freegan, que alerta para o desperdício que existe no nosso planeta, adoptado por pessoas conscientes de todos os estratos sociais.

O Upcycling


Upcycling é o processo de transformar resíduos ou produtos inúteis e descartáveis em novos materiais ou produtos de maior valor, uso ou qualidade. Utiliza materiais no fim de vida útil na mesma forma que ele está no lixo para dar uma nova utilidade. Ao contrário da reciclagem, que usa energia para destruir a forma e então transformar em algo novo.





Reine Pilz da Pilz GmbH, em 1994 foi o primeiro a usar o termo.


"Reciclagem", disse, "Eu chamo downcycling. No processo partem tijolos, cimento, tudo em geral. O que precisamos é de upcycling, onde é dado mais valor aos produtos antigos e não menos". Desesperado com a situação alemã quando se lembra do fornecimento de uma grande quantidade de blocos de madeira recuperada de um fornecedor inglês para um contrato em Nuremberga, enquanto logo ali, abaixo da estrada uma carga de blocos semelhante foi desmantelada. "Em estradas próximas estava o resultado da reciclagem de resíduos de demolição dos alemães. Era um amontoado rosado de tijolo artesanal, azulejos antigos e peças antigas de utilidade misturados com betão esmagado. É este o futuro da Europa?"


O termo upcycling também foi usado por William McDonough e Michael Braungart em seu livro Cradle to Cradle: Remaking the Way We Make Things, de 2002. Eles afirmam que o objectivo do upcycling é evitar desperdício de materiais potencialmente úteis, fazendo uso dos já existentes. Isso reduz o consumo de novas matérias-primas durante a criação de novos produtos. Reduzir o uso de novas matérias-primas pode resultar em uma redução do consumo de energia, poluição do ar, poluição da água e até as emissões de gases de efeito estufa.


Upcycling é o oposto do downcycling, que é a outra metade do processo da reciclagem. Downcycling envolve a conversão de materiais e produtos em novos materiais de menor qualidade.


Por exemplo, durante o processo de reciclagem de plástico, excepto os usados para criar garrafas, diversos tipos de plásticos são misturados entre si, resultando em um híbrido. Este híbrido é usado em aplicações de madeira plástica.


O crescimento de utilização do processo de upcycling deve-se à sua actual aceitação comercial e os custos reduzidos de materiais reutilizados.







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