Cultivar Biodiversidade



Cultivar Biodiversidade
O CONCEITO
O incentivo às práticas do desenvolvimento sustentado, assume cada vez mais um papel preponderante na continuidade e manutenção de práticas e atitudes que protejam o meio ambiente, natural e humano, mantendo paralelamente a capacidade de regeneração e enriquecimento dos recursos naturais.

Neste sentido convém salientar que o desenvolvimento sustentável é um caminho onde se procura equilibrar três grandes sistemas: o ecológico, o social e o económico. Assim, uma educação promotora dum tal desenvolvimento terá de abarcar o conhecimento, a reflexão e a prática que permitam equilibrar estes três componentes da vida humana no tempo. Neste contexto de designação convencional, permito-me aqui acrescentar o elemento humanista propriamente dito, pelo estímulo e valorização assumidos das características mais intrinsecamente humanas, dos afectos, das sensibilidades e da criatividade, designado aqui como Cultura.

Na verdade e ao contrário de um mote que tem sido repetido até a exaustão nos últimos anos e resultante das actuais ameaças ambientais, o grande desafio não é o de salvar o planeta, mas sim a própria humanidade e as conquistas que obteve em termos de assegurar a sobrevivência enquanto espécie e na melhoria das condições e qualidade de vida.

O planeta ao longo da sua já antiga existência, já passou por enormes convulsões, traumas e alterações, e de cada vez a vida sempre encontrou novas formas e mecanismos de se afirmar e diversificar e expandir. Por muito que façamos, o Planeta seguirá sempre o seu percurso evolutivo.

A grande questão é se o faz connosco ou sem nós, humanidade.

Ou mesmo que numa abordagem menos dramática se, todo o modo como vivemos, não se verá alterado de uma forma radical em consequência de não termos atingido em tempo útil a plataforma necessária de compromisso, entre utilização desregrada e o bom senso da sustentabilidade, baseada no conhecimento, sensibilidade e respeito consciente.

Esse é verdadeiramente o grande desafio, o paradigma que vivemos actualmente e numa corrida contra o tempo, os acontecimentos e respectivas consequências a médio e longo prazo, em que actualmente, já ninguém se atreve a negar ou duvidar, caso não se mude toda a atitude geral da humanidade na forma como gere e utiliza os recursos actuais do Planeta.

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Apesar do termo “Educação Ambiental” ter sido usado indevidamente em abordagens educativas que perderam de vista a razão e o propósito que a originou, o que lhe retirou alguma força e dignidade, cremos ser aquele que melhor se adequa para enquadrar a abordagem educativa que procuramos promover. Uma educação cívica e para a cidadania sobre o ambiente, para o ambiente e no ambiente, mas não dissociada das condições humanísticas essenciais.

A educação ambiental actual estrutura-se em torno do objectivo global da biodiversidade e sustentabilidade. Esse objectivo é a sua razão de ser, que jamais deverá ser esquecida. Os de encontrar novos caminhos na relação com os sistemas vivos (todos eles, incluindo o humano), que não comprometam a capacidade de sustentação da vida sobre a Terra.

O cidadão do mundo moderno, precisará de clareza de pensamento para perceber as raízes da actual encruzilhada ecológica e humana, e coragem para ir além das soluções superficiais, facilmente aceites pela maioria, porque seguem a maneira de pensar e os valores vigentes. Se não trabalharmos sobre a essência do problema, transformando as suas causas, a educação ambiental não passará duma operação cosmética sem reais consequências.

Cabe a cada um esta reflexão. Tornar-se cada vez mais consciente independentemente da imensa diversidade de formas que o caminho possa tomar. Ele passa certamente pelo resgate da nossa capacidade de pensarmos pelos nossos próprios meios, Trata-se, tão só, dum caminho de conquista da nossa própria individuação. Sermos indivíduos por inteiro, livres e conscientes. Informados, sensíveis e seguros das nossas opções, atitudes e escolhas.

È esse o pressuposto principal deste projecto. Proporcionar a cada indivíduo as ferramentas que necessite para fazer as suas próprias opções em consciência. Integrado e em equilíbrio, harmonia e respeito com tudo o que o rodeia, assumindo a sua própria participação de forma positiva, criativa e construtiva

Ensinar implica proporcionar situações de ensino-aprendizagem nas quais a pessoa entre em conflito e se veja obrigada a actualizar os seus esquemas mentais e afectivos e a explicitar os seus preconceitos, conseguindo construir novos esquemas, cada vez mais amplos e complexos, com maior quantidade e qualidade de interrelações e mais estruturados. Uma aprendizagem que proporciona um conhecimento que se "enlaça" com aquilo que já se sabe

Da Importância da Educação Ambiental no actual contexto sócio-económico-ambiental

Já lá vai o tempo em que a preparação das crianças para a vida em sociedade se baseava na imitação do modo de vida e do comportamento dos adultos. Hoje, perante a crise ecológica à escala global e a proliferação de diferentes formas de guerra entre os humanos, evidencia-se a necessidade de preparar as crianças e os jovens para serem capazes de participar na construção de novos paradigmas de relação com o outro e com o mundo.

O mundo em que vivemos está a mudar rapidamente e não dispomos de conhecimento científico suficiente para prever cabalmente as mudanças que se avizinham ao nível ecológico, sociológico ou económico. Não podemos, portanto, ensinar às crianças de hoje exactamente como se comportar amanhã, face aos desafios que aí vêm. O melhor que podemos fazer é ajudá-las a desenvolver o seu potencial como seres humanos para que, a seu tempo, possam criar as melhores soluções.

Em termos práticos, é consensual a importância de, numa abordagem inicial, fornecer o conhecimento e o estímulo das sensibilidades e afectividades para com o meio e elementos naturais e suas dinâmicas próprias, assim como nas práticas quotidianas, na sua mais directa e importante influência que por esta razão, deverá ser alvo de um cuidado e uma atenção especial, principalmente se tivermos em conta que na conjuntura actual do mundo, os ecossistemas e meios naturais de forma geral, já em muito poucos casos são encontrados nas formas originais e primárias.

Neste contexto, quando acompanhadas de conhecimento, consciência, respeito e sensibilidade, as actividades e atitudes quotidianas conscientes, tornam-se a forma mais eficaz de proteger o meio ambiente e a natureza, e sobretudo a dignidade e condição humana assim como a sua qualidade de vida. O incentivo às práticas do desenvolvimento sustentado, assumem cada vez mais um papel preponderante na continuidade e manutenção de práticas e atitudes que protejam o meio ambiente natural e humano, mantendo paralelamente a capacidade de regeneração e enriquecimento dos recursos naturais.

Mas sublinhe-se que a intenção profunda é a de formar para a vida e não para uma actividade em particular, porque um indivíduo seguro da sua capacidade e objectivos, descobre por si próprio e ao longo da vida, o que fazer para se realizar ou qual a melhor forma de contribuir para o bem-estar geral da comunidade da forma que melhor entender. Estimular a autoconfiança, a auto-estima, a consciência, a abertura de espírito, o livre arbítrio, a criatividade, o engenho, mas acima de tudo, a alegria de viver e o respeito por todas as coisas existentes.

OBJECTIVOS GERAIS

O desenvolvimento da sensibilidade para com o mundo vivo, decorrente da ligação ao mundo natural e sua valorização, é uma base fundamental do próprio desenvolvimento do ser humano. Sem ela, dificilmente os jovens terão vontade de o investigar e descobrir e, muito menos, de se empenharem na sua preservação.

Paralelamente, a conexão com as raízes históricas e culturais assumem de igualmente modo um papel fundamental no processo de ligação e envolvimento do individuo ao meio e comunidade que o rodeia.

É no modo de apresentação que se favorecem os factores pedagógico e didáctico desta relação, através de actividades que mesmo tendo um tema específico, apresentam conteúdos numa base geral de multidisciplinaridade transversal. Também sendo privilegiado o estímulo e contacto sensorial e afectivo, altamente enriquecedor ao nível da imaginação e da consciência e compreensão das coisas, tão fundamental e característica da condição humana.

Fornecer ao público algo que os livros e a tecnologia não podem oferecer - aprendizagem experiencial. Se nós podemos projectar as maneiras para que crianças e os adultos conectem directamente com a natureza e os sistemas vivos, integrando essa experiência na atitude, estaremos a educar a geração seguinte, que verão ambientes sustentáveis mais como um ponto de partida do que uma mera possibilidade.

Informar, ensinar, partilhar e participar, parece-nos um factor essencial e é sobretudo nesta perspectiva que é pensado este projecto, envolvendo a comunidade, quer de forma participativa ou construtiva, pois este é mais que um projecto pontual de actividades, mas sim o disseminar de uma filosofia, um modo de estar na vida e sociedade,

Só a cada um de nós compete escolher a atitude a ter perante a vida e os seus fenómenos e maravilhas (a nossa e toda a restante), mas no plano existencial, a estimulação ou diversificação das escolhas é fundamental para um rumo maioritário e positivo, e é esta a principal escolha, ser positivo e sensível, construtivo e consciente ou negativo, insensível e desinteressado e semi-apático ao que se passa à sua volta.

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