As plantas têm um papel maior do que o esperado, na limpeza da atmosfera

Isabel Palma (22-10-10) (Texto extraido de Naturlink)

Uma investigação realizada nos Estados Unidos demonstrou que o papel das plantas na limpeza da atmosfera é maior do que o esperado. Esta absorção de compostos químicos está relacionada com um metabolismo complexo que ocorre nas plantas, quando estas estão sujeitas a factores de stress. 
A investigação realizada por cientistas do Centro de Investigação Atmosférica (NCAR) demonstrou que as plantas absorvem mais poluentes atmosféricos do que inicialmente se previra.
A equipa de investigadores focou-se num grupo de moléculas conhecidas como COV (Compostos Orgânicos Voláteis) que têm origem em fontes naturais e nas actividades humanas. Estes compostos têm impactes negativos a longo prazo na Natureza e na saúde humana.

“Houve grandes progressos na compreensão das interacções existentes entre as plantas e a atmosfera” refere Anne-Marie Schmoltner da NSF, que financiou a investigação.
Pela medição dos níveis destes químicos (COV) em vários ecossistemas os investigadores determinaram que as plantas de folha caduca parecem estar a eliminar estes compostos a uma taxa quatro vezes maior do que o esperado. Esta absorção é especialmente mais rápida na cobertura das florestas densas, que representam cerca de 97% da absorção total destes químicos.
As plantas para se protegerem de substâncias irritantes e repelir invasores como os insectos, produzem compostos químicos para se protegerem. Mas, quando estes compostos são produzidos em excesso podem tornar-se tóxicos para a própria planta. Para evitar este efeito, as plantas aumentam a produção de enzimas que diminuem a toxicidade destas substâncias. Durante este ciclo, há absorção de mais COV, que são também metabolizados por estas enzimas.

“ Os nossos resultados mostram que as plantas podem ajustar o seu metabolismo e aumentar a absorção de químicos atmosféricos como resposta a vários tipos de stress” refere Chhandak Basu, da Universidade do Colorado do Norte, co-autor do estudo.

Ao colocarem esta informação num modelo que simula os químicos na atmosfera, os resultados indicaram que, a nível mundial, as plantas estão a retirar cerca de 36% mais COV que o esperado. Este processo metabólico complexo dentro das plantas apresenta o efeito secundário de limpar a nossa atmosfera.

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