A fórmula para alcançar a economia “verde”:

A fórmula para alcançar a economia “verde”: investir 2% do PIB anual mundial até 2050

Fonte: Naturlink

Ana Ganhão (21-02-2011)
A transição para uma economia ecológica e sustentável respeitando o ambiente é possível se for investido anualmente até 2050, 2% do PIB mundial em 10 sectores chave, de acordo com o relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), publicado esta segunda-feira em Nairóbi, no Quénia.
O relatório assinala que ao investir em cada ano 2% do PIB mundial (950 mil milhões de euros), a economia mundial teria taxas de crescimento semelhantes às actuais ou até maiores, "mas sem aumentar os riscos, as dificuldades e a crescente crise inerente à economia existente, responsável pelo esgotamento dos recursos e pelo elevado nível de emissões de carbono".

Os 10 sectores chave citados pelo relatório são a agricultura, a construção, a energia, a pesca, a silvicultura, a indústria, o turismo, os transportes, a água e a gestão de resíduos.

Segundo este texto, uma economia verde não é apenas relevante para as economias mais desenvolvidas, mas é também um catalisador essencial para o crescimento e erradicação da pobreza nos países em desenvolvimento, onde cerca de 90% do PIB gerado pelas populações mais desfavorecidas depende da natureza e recursos naturais como a água potável.

O relatório critica especialmente os subsídios e as subvenções que apenas prolongam a insustentabilidade dos recursos, como é o caso dos combustíveis fósseis, da agricultura, incluindo pesticidas, ou a pesca. Segundo os especialistas que redigiram o relatório, entre 1 e 2% do PIB mundial são gastos anualmente em subsídios. “A maioria desses subsídios está envolvida na degradação do meio ambiente e da ineficácia da economia mundial. A sua redução ou a eliminação progressiva apresenta múltiplas vantagens e libertaria recursos para financiar a transição para uma economia verde." “Se investirmos cerca de 1,25% do PIB mundial anual em eficiência energética e em energias renováveis é possível diminuir a procura mundial de energia primária em 9% em 2020 e cerca de 40% em 2050", acrescenta.

De acordo com o estudo, os 950 mil milhões de euros necessários para a transição para a economia verde seriam divididos por:
- 78 mil milhões para a agricultura, incluindo pequenas explorações;
-  97 mil milhões para o sector imobiliário, através da melhoria da eficiência energética;
- Mais de 260 mil milhões para o abastecimento de energia;
- Quase 80 mil milhões para a pesca, incluindo a redução de capacidade das frotas mundiais;
- 11 mil milhões de euros para a silvicultura, o que ajudaria também no combate às alterações climáticas;
- Mais de 55 mil milhões para a indústria, incluindo a dos produtos manufacturados;
- Quase 100 mil milhões para o sector do turismo;
- Mais de 135 mil milhões para o sector dos transportes;
- Quase 80 mil milhões para a gestão de resíduos, incluindo a reciclagem;
- 80 mil milhões para o sector da água, incluindo as questões de saneamento.

A transição para a economia fará crescer as economias e reduzir a pegada ecológica em 50% até 2050.
Em relação ao emprego, o relatório demonstra que "ao longo do tempo, o número de novos postos de trabalho criados em sectores que vão desde as energias renováveis a uma agricultura sustentável compensaria a perda daqueles que são gerados pela economia suja.” No entanto, presume-se que em alguns sectores, como a pesca ", a transição para uma economia verde resulta em perda de empregos e de benefícios a curto e médio prazo”.

“Com 2,5 bilhões de pessoas a viver com menos de 1,5 euros por dia e com um aumento populacional superior a dois mil milhões de pessoas até 2050, é evidente que devemos continuar a desenvolver e a fazer crescer as nossas economias. No entanto, este desenvolvimento não pode acontecer à custa dos próprios sistemas de apoio à vida na terra, dos oceanos e da atmosfera que sustentam as nossas economias e, por conseguinte, as vidas de todos nós”, explicou, na apresentação do relatório, Achim Steiner, sub-secretário Geral da ONU e director-executivo do PNUMA.

Fonte: http://www.unep.org/

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