Agrotóxicos na Natureza e na Saúde Humana

Os efeitos ambientais dos agro-tóxicos

A utilização de pesticidas levanta uma série de preocupações ambientais. Mais de 98% dos insecticidas pulverizados e 95% de herbicidas chegam a espécies/vitimas diferentes daquelas às quais inicialmente se destinam e pretende, incluindo espécies não-alvo, como a água, ar e solo.
A dispersão de pesticidas ocorre quando os pesticidas em suspensão no ar como partículas, são levadas pelo vento para outras áreas, podendo contaminá-las. Os pesticidas são uma das causas da poluição da água, e alguns pesticidas, são poluentes orgânicos persistentes e contribuem em muito para a contaminação do solo .

Além disso, o uso de pesticidas reduz a biodiversidade e a fixação de nitrogénio, contribui para o declínio dos polinizadores , destrói o habitat  e recursos alimentares (principalmente de aves), e contribui para o declínio de espécies ameaçadas de extinção.

Por outro lado as pragas podem desenvolver uma resistência ao pesticida, necessitando de um novo pesticida e assim continuamente. Por vezes e em alternativa utiliza-se uma maior dose do pesticida para neutralizar a resistência, embora isso irá causar um agravamento de toda a cadeia de consequências no problema da poluição ambiental.

Por fim a exploração em monocultura (objectivo principal no uso e filosofia pelos herbicidas), resultam em profundos desiquilibrios e maior incidência de pragas, que levam a utilização de mais pesticidas e assim por ai fora.

Assumamos e não exista qualquer duvida disso, toda a nossa alimentação, que não está classificada e assumida como  biológica ou ecológica, provem de explorações agrícolas onde estes produtos são geralmente usados, o que equivale a dizer que toda a alimentação que consumimos está contaminada, em maior ou menor escala.
Incluindo os alimentos transformados, pois estes provêm de matérias primas agrícolas que sofrem dos efeitos de uso dessas práticas.



Em termos industriais, acresce ainda um facto (que embora possa ter menos consequências directas para o ambiente, tem maiores e mais nefastas sobre a nossa saúde) que os produtos alimentares industriais resultam da adição de inúmeros ingredientes químicos e de síntese, que por vezes chegam a ser bastante mais perigosos que os próprios pesticidas.



Efeitos sobre a saúde de pesticidas e intoxicações por agro-tóxicos
Um sinal de alerta sobre o potencial de exposição a pesticidas.

Os pesticidas podem causar efeitos agudos na saúde naqueles que a eles estão expostos. Essa exposição pode causar uma variedade de efeitos adversos à saúde e que podem variar desde uma simples irritação da pele e olhos, até aos problemas mais graves como aqueles que afectam o sistema nervoso, mimetizando as hormonas que causam problemas reprodutivos, e inclusive provocam o cancro.

Em 2007 a revisão sistemática concluiú que "a maioria dos estudos sobre a linfoma e leucemia apresentaram associações positivas com a exposição a pesticidas "e, portanto, concluíram que o uso de pesticidas e cosméticos deve ser diminuído.  Há também muitos indícios de outros resultados negativos na exposição a estas toxinas usadas na produção agrícola, incluindo neurológicas, defeitos congénitos, morte fetal e no transtorno do desenvolvimento neurológico.

A Associação Médica Americana "Recomenda limitar a exposição a pesticidas e a adopção e utilização de alternativas mais seguras:  Muitas incertezas particulares existem a respeito dos efeitos a longo prazo na já referida exposição e consumo que deve ser ao máximo, mantida em baixa dose e vigilância actual. Os actuais dados e sistemas são insuficientes para caracterizar o risco potencial de problemas relacionados ao uso de pesticidas e na relação das doenças relacionados com agro-tóxicos .
Considerando essas lacunas de dados, é prudente tomar medidas e informar para limitar a exposição de pesticidas e usar o mínimo de produtos químicos tóxicos assim como aditivos alimentares de síntese. "

A Organização Mundial da Saúde e do Programa Ambiental da ONU estimam que "Em cada ano, no mundo, 3 milhões de trabalhadores na agricultura dos países em desenvolvimento e desenvolvidos, sofrem graves intoxicações por pesticidas , dos quais cerca de 18.000 deles morrem. Segundo um estudo, anualmente, cerca de 25 milhões de trabalhadores dos países em desenvolvimento podem sofrer intoxicação leve por agro-tóxicos  .


Um outro estudo descobriu que os pesticidas, usados como recurso para o auto-envenenamento, foi o método eleito num terço dos suicídios realizados no mundo, e recomendou, entre outras coisas, mais restrições sobre os tipos de pesticidas e sua venda livre, relativamente aos que são mais prejudiciais para os seres humanos.

Acidentes com pesticidas 

O desastre no Bhopal ocorreu quando uma fábrica de pesticidas lançou 40 toneladas de metil isocianato (MIC) de gás, um produto químico intermediário na síntese de alguns insecticidas. O desastre matou quase imediatamente 2.259 pessoas e causou posteriormente pelo menos 15.000 mortes. Claro que nestas estatísticas só estão contabilizados humanos, pois se alargarmos o espectro de análise para seres vivos, provavelmente estaremos a falar de centenas de milhares de milhões.

Isto alastra a análise dos efeitos ambientais dos pesticidas, não unicamente para a sua utilização na agricultura, mas também e de modo nenhum menos grave ou com menos impacto, para o processo de produção, que de modo hipócrita geralmente empurrado para países de terceiro mundo, numa tentativa de maximizar lucros a custo de não cumprimento de normas e claro, a custo de vidas humanas, e tremendos impactos sobre ao ambiente e vida Natural.

Falamos portanto de homens que são criminosos, assassinos mandatários, que usam gravata e estão nas listas dos bem-vistos pelos governos e economias ocidentais e ditos países desenvolvidos (que não raramente são inclusive membros de governos).



Alternativas

Alternativas aos pesticidas estão disponíveis e incluem métodos de cultivo, uso de controles biológicos de pragas (como feromonas e insecticidas microbianos), engenharia genética e métodos de interferir com a reprodução do insecto. Estes métodos estão se tornando cada vez mais populares e muitas vezes são mais seguros que os pesticidas químicos tradicionais. Além disso, a EPA está registrando redução de risco de pesticidas convencionais em número crescente.

As práticas de cultivo incluem a policultura (cultivo de vários tipos de plantas), rotação de culturas, o plantio de culturas em áreas onde as pragas que danificam as culturas sejam em numero reduzido, de acordo com a época de plantio, quando as pragas sejam menos problemáticas, e uso de culturas armadilhas ou isco, que atraem as pragas para longe a cultura real.

O lançamento de outros organismos que combatem a praga é outro exemplo de uma alternativa à utilização de pesticidas.

Estes organismos podem incluir predadores naturais ou parasitas das pragas, Os pesticidas biológicos baseados em fungos entomopatogênicos, bactérias e vírus que causam doenças em espécies de pragas, também podem ser usados, como por exemplo o Bacilus thurigensis, para uma série de pragas das nossas culturas. 

Na Índia, os métodos tradicionais de controle de pragas incluem o uso do Panchakavya , a "mistura de cinco produtos." O método recentemente experimentou um ressurgimento na popularidade devido em parte ao uso pela agricultura orgânica comunitária em vários pontos.

Produtos químicos agrícolas

Um crescente corpo de dados epidemiológicos estão ligados exposição a pesticidas absorvido no período pré-natal (em que os químicos atravessam a placenta durante o desenvolvimento fetal), bem como a exposição no primeiros anos de vida de uma criança.

A convencional pulverização agrícola com químicos é responsável por uma variedade de problemas de saúde, incluindo baixo peso ao nascer, defeitos de nascimento, desenvolvimento neurológico anormal e problemas reprodutivos.
Dos nove mais populares alimentos indicados e benéficos para nutrição infantil de frutas e vegetais, maçãs, pêras, pêssegos, nectarinas, morangos, cerejas, aipo, espinafre, broculo e  cenoura, todos contêm altos níveis de resíduos de pesticidas diversos, salvo se forem cultivados orgânicamente.

E quando pensam que o senhor que tem a horta e vende na praça, que diz que não usa nada.
Por vezes é ainda pior, porque quando utilizam (por ignorância e má explicação de quem lhos vende) utilizam não raro, doses muito superiores às recomendadas para "resolver o problema de vez", como eu infelizmente conheço e me deparei já com muitas situações  e ainda mais estórias do género.

Comer alimentos orgânicos e biológicos podem ajudar a promover uma melhor saúde celular, uma vez que sobre vários agro-químicos utilizados no cultivo químico de alimentos, tem sido demonstrado resultar num efeito negativo sobre a função mitocondrial.

Diversos produtos químicos, incluindo o paraquat, paratiom, dinosebe e 2-4-D, foram encontrados em actividade de aumentar a permeabilidade da membrana celular das mitocondrias que por sua vez vão expor os radicais livres, inibindo um processo conhecido como engate, que é parte integrante da produção eficiente de triphospate de adenosina (ATP) . O ATP é um importante produto químico que as ligações celulares nos terminais nervosos usam para a comunicação neural normal. Os baixos níveis de ATP celular, nos terminais nervosos podem levar à perda de sinapses e função sináptica, e pode finalmente levar ao declínio cognitivo.
O desenvolvimento do sistema nervoso de uma criança é mais vulnerável do que um adulto.

Apenas um gafanhoto?

Somos parte de um ecossistema e absorvemos o que nele existe. Um estudo realizado pelos Centros de Controle de Doenças e Prevenção nos EUA, conclui que o cidadão médio Americano, tinha 13 pesticidas diferentes no seu corpo. Os dados mostraram que as crianças e mulheres em idade fértil, acumulam a mais pesada "carga" de pesticidas. A média de idade 6-11 anos apresenta quatro vezes o nível "aceitável" de organofosforados.

Os pesticidas organo-fosforados interferem com a transmissão dos sinais nervosos no cérebro e sistema nervoso, tornando-os potentes neuro toxinas.  Eles são considerados um dos mais perigosos produtos químicos utilizados na agricultura e têm sido associados a uma série de doenças, incluindo cancro, diminuindo a fertilidade masculina, anormalidades fetais, síndrome da fadiga cronica em crianças, e a doença de Parkinson.


Assustado o suficiente?

Se sim, comece a alterar hábitos de consumo e cidadania.
Se não, dê-se pelo menos ao trabalho de pesquisar algo mais e confirmar estes dados...

Mas não tapem os olhos e finjam que não existe o problema


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