A corrente dominante tem sempre sido que as actividades de fomento à biodiversidade se façam em zonas com uma envolvente natural ainda em bom estado e com o maior potêncial possivel ao optimo resultado.
Mas porque não a biodiversidade na cidade?
No entanto haverá melhor forma de sensibilização ambiental ou educação ambiental do que poder observá-la e inclusive, protegê-la no proprio jardim ecológico?
Desde que vivo na cidade tenho-me apercebido com alguma surpresa e sobretudo agrado, da ainda considerável riqueza de espécies que existem e circulam entre jardins, baldios, parques e principalmente, pequenos quintais.
Claro que também me apercebo que muitos desses quintais interiores estão a ser convertidos em garagens e estacionamentos, o que não deixa de ser um pouco triste (embora até possa compreender, pois o estacionamento, assim como os espaços verdes, são algo que está completamente esquecido na politica de ordenamento de lisboa, em detrimento dos lobbies especulativos imobiliarios e da construção desenfreada e completamente desregrada).
Desde que recentemente comecei a construir pequenos jardins (quase por desporto, a inicio), para elementos da população com sensibilidade, formação e consciência mais elevada e sem duvida evoluida, tenho constatado que pode realmente ser feito algo pela tomada de consciência da importância da natureza e da biodiversidade, nas nossas vidas e não somente pela via irredutivel da ciência (nas consequências de devastarmos os recursos e capacidade de renovação do planeta), mas tambem pela via espiritual, ou da pura e simples estética da beleza no lazer (no final é aí que muito começa, nestes novos tempos).
Pequenos quintais com jardins de biodiversidade reproduzindo habitats naturais, com hortas biológicas vocacionadas simultâneamente para providenciar a mesa de deliciosos horticolas em embelezar o jardim.
É possivel, fácil e principalmente, recomendável. Por civismo, consciência ecológica, bem estar, qualidade de vida, educação dos nossos filhos rumo a um futuro melhor e menos aterrador que aquilo que aparece nos noticiários e revistas ciêntificas.
E para mim, que tenho vivido e trabalhado em conservação da natureza, gestão de habitats e biodiversidade, educação, sensibilização e promoção ambiental, sempre em varios pontos do interior rural do país, hoje em dia, não tenho a menor duvida que a maior massa critica deste pais, a maior dinâmica ambiental, está de forma irredutivel e paradoxal, nas nossas cidades.
Então e em jeito de conclusão: Fazem sentido os jardins ecológicos na cidade? Sem duvida!